segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A psicologia do dar a outra face

Quando Cristo queria mostrar a necessidade vital de tolerância nas relações sociais, ele não proferia inúmeras aulas sobre o assunto, mas novamente usava gestos surpreendentes. Ele dizia que, se alguém fosse agredido numa face, deveria oferecer a outra, e por diversas vezes ele deu a outra face a seus opositores, ou seja, não revidava quando o agrediam ou o ofendiam. Ele não se referia à face física que compromete a preservação da vida. Ele falava da face psicológica.

Se fizermos uma análise superficial, poderemos nos equivocar e crer que dar a outra face pode parecer uma atitude frágil e submissa. Todavia, cabe aqui a pergunta: Dar a outra face é sinal de fraqueza ou de força? Quando alguém dá a outra face, isso incomoda pouco ou muito uma pessoa agressiva e injusta? Se analisarmos a construção da inteligência, constataremos que dar a outra face não é sinal de fraqueza, mas de força e segurança. Só uma pessoa forte é capaz desse gesto. Só uma pessoa segura dos seus próprios valores é capaz de elogiar seu agressor. Quem dá a outra face não se esconde, não se intimida, mas enfrenta o outro com tranquilidade e segurança.

Quem dá a outra face e não tem medo do agressor, pois não se sente agredido por ele, nem tem medo de sua própria emoção, pois não é escravo dela. Além disso, nada perturba tanto uma pessoa agressiva como alguém lhe dar a outra face, não revidar sua agressividade com agressividade. Dar a outra face incomoda tanto, que é capaz de causar insônia no agressor. Nada incomoda tanto uma pessoa agressiva como o outro ter atitudes complacentes com ela. Dar a outra face é respeitar o outro, é procurar compreender os fundamentos da sua agressividade, é não usar a violência contra a violência, é não se sentir agredido diante das ofensas. Somente uma pessoa livre, segura e que não gravita em torno do que os outros pensam e falam dela é capaz de agir com tanta serenidade.

A psicologia do " dar a outra face" protege emocionalmente a pessoa agredida e , ao mesmo tempo, provoca a inteligência das pessoas violentas, estimulando-as a pensar e reciclar a própria violência.

Não deixe que o outro decida sobre o seu modo de agir.