Sou águia e não passarinho
Que não sabe para onde ir,
Na verdade não tenho ninho
Saudade dele não estou a sentir;
Não sou águia pródiga,
Pois não fugi de nada,
Isso não seria uma história
E se fosse, não seria desgarrada.
Não tenho instinto,
Devoro sem se quer saber
Se minha presa é um passarinho,
Mesmo vendo sua luta para sobreviver
Pode ser a lei da selva,
Pode ser a lei do ser humano
Tanto faz, não se respeita, não se espera
Um suspiro do que agoniza, vive um espanto;
O mais forte se torna mais forte,
O mais fraco se torna mais fraco
A decadência não é precoce
Mas a vida com certeza é um espantalho,
Alto estou a voar
E tudo isso estou a ver
Pra quê chorar?
Nada irá adiantar, pode a isso perceber?
Vejo claramente o que acontece na terra
Desespero, agonia e destruição,
Estou à espreita sobre a relva,
Sei que me afetará está propagação;
Pelo homem serei extinto, irei morrer...
Nada posso nesse sentido mudar
Se entre eles a morte é um prazer,
O que seria então uma águia a voar?
Com certeza não existe respeito
Nem pela natureza ou mesmo pela vida,
Ainda estou voando, mas tenho receio,
Mesmo que pela sobrevivência insista,
Lembro-me que não sou um passarinho,
Vejo que minha asa está sangrando
Dor na alma com intensidade, eu sinto.
Coração não agüenta mais, está parando;
Vejo que culpa, nenhuma tenho.
Seria apenas diversão?
Nas veias do ser humano corre veneno
Que acelera os passos para a destruição;
Parece não existir uma solução
Em quem se apoiar e em quem se firmar?
Eis esquecida a linguagem do coração
Em que, poucos são os que estão a falar.
Vejo passos largos ao meu encontro,
Eis me no chão meio sem vida,
Com certeza o que me acertou vem risonho
Abater sua presa ferida;
Mas espere... ...não parece ser uma arma,
Muito menos um punhal,
Todo meu ser se alarma
Pois acreditava ser o meu ponto final;
Minha asa por uma faixa nela enrolada
Parece estar melhor, sei que posso voar;
A bondade enfim praticada
Por alguém que a sabe valorizar;
Pelo jeito como sou pegue, sou envolvido.
Pela maneira que sou solto, estou a nascer.
A vida começa de batida de asas fortes, pelas quais vivo,
Pois deixo as mãos do humano que me fez viver.
Agora vôo mais alto, bem mais alto,
E não olharei para a terra,
Mas para frente em que o sol com forças agarro;
Voando sobre brilho no mar que ele espelha.
Às vezes somos como águia, solitárias...
Achando que não existe significado para viver,
Fases de tristezas são estagiárias...
O amor ainda existe, ele só quer sobreviver.
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